A questão do despejo do Hospital Vita tem um novo lance e a polêmica em relação ao funcionamento da instituição aumenta. O Hospital Vita anunciou, na tarde desta segunda-feira (18), que teve 100% de suas ações adquiridas pela Soebras -Sociedade Educativa do Brasil. Em comunicado, a Soebras garantiu que será mantida a qualidade dos serviços oferecidos pelo hospital e para tal assegura a permanência do corpo técnico administrativo e do corpo clínico. Com a transferência da propriedade do negócio, o Vita passará a chamar Hospital Santa Cecília de Volta Redonda.
O problema é que a CSN, que é a dona imóvel e conseguiu na Justiça uma ordem de despejo, ainda não foi informada dessa transação. Teoricamente a empresa que comprou o hospital poderia quitar a dívida anterior e seguir operando o estabelecimento de saúde, desde que pagasse os aluguéis futuros também. É estranho que uma empresa feche um negócio deste porte sem consultar o credor. Serão necessárias dezenas de milhões de reais para cobrir os aluguéis em atraso do Grupo Vita e ninguém pode garantir a possibilidade de a empresa dispor deste capital imediatamente.
E a preocupação aumenta quando se toma conhecimento que a Soebras, que iniciou suas atividades como mantenedora de instituições de ensino, passou a atuar na área de saúde no ano 200, com a construção do Hospital das Clínicas Mário Ribeiro, em Montes Claros (MG), além da aquisição de outras unidades, como o Hospital de Olhos da Fundação Hilton Rocha, em Belo Horizonte (MG), o Hospital São Lucas, em Patos de Minas (MG) e o Hospital Santa Mônica, em Vila Velha (ES), mas enfrenta denúncia de vários escândalos.
O prefeito cassado de Montes Claros (MG), Ruy Muniz, é presidente de honra do grupo e foi preso, acusado de fraudes ao FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) no valor de R$ 45 milhões.
Ele também foi acusado de sabotar o funcionamento de hospitais públicos e filantrópicos para beneficiar um hospital que pertence à sua família. Nesse caso, chegou a ser preso.
A prisão de Muniz aconteceu um dia depois que sua mulher, a deputada federal Raquel Muniz, o elogiou durante a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Ruy Muniz também foi investigado – e teve prisão decretada – em um caso de suposto desvio de verbas públicas envolvendo a Empresa Municipal de Serviços, Obras e Urbanização (Esurb) de Montes Claros. Em vez de solucionar o problema, o anúncio só aumenta a preocupação dos quase 500 funcionários do Hospital e da população que corre o risco de sofrer com a descontinuidade do atendimento.