No início da manhã desta quinta-feira (5) muitos trabalhadores enviaram mensagem ao INFORMA CIDADE, reclamando da falta de ônibus em Volta Redonda. Diversas linhas deixaram de circular nos primeiros horários, nos setores atendidos pela Viação Sul Fluminense, que na quarta-feira (4) confirmou a demissão de ao menos 250 funcionários. A confirmação foi feita por Galba Viana, um dos interventores designados pelo escritório de advocacia nomeado pela Justiça. A empresa está sob intervenção judicial deste setembro deste ano.
Em entrevista ao repórter Fernando Pedrosa, do Programa Dário de Paula (96,1 FM e 1390 AM) e do site Foco Regional, Galba inicialmente demonstrou notável irritação com o que considera “inverdades” divulgadas em relação à Sul Fluminense, e justificou o corte de pessoal como sendo uma questão de sobrevivência. Ele declarou o seguinte:
“As demissões têm que ser feitas para enxugar a empresa”, confirmando também, mas sem citar quantas, que foram realizadas demissões no dia passado. Galba também não informou até quando o número fixado para os cortes vai ser concretizado, mas, ao ser indagado a respeito, respondeu: “Já”.
O interventor também assegurou que os demitidos estão recebendo seus direitos, exceto os 40% de multa do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), que, segundo ele, ainda terá que ser discutido para ser equacionado. A empresa, assegurou, no entanto, que está pagando o mês trabalhado e o 13º salário, liberando ainda o FGTS e a guia para o seguro-desemprego. O interventor acrescentou:
– Ninguém está saindo sem receber seus direitos. Sabemos que é muito ruim demitir, ainda mais nesta época do ano, mas, se não fizermos [as demissões], a empresa quebra. O que vai ser pior?
Em outros momentos, o interventor fez uma espécie de desabafo. “Estamos implantando uma gestão, que antes não existia”, disse afirmando que o “excesso de pessoal” compromete drasticamente as contas. “Temos 110 carros para 900 empregados. Temos 300 outros encostados”, prosseguiu Galba.
Segundo ele, as demissões não vão comprometer a operação da empresa. “Pelo contrário, vai melhorar”, declarou. Também sem fornecer o número, o interventor negou que um Plano de Demissão Voluntária oferecido aos empregados não tenha recebido a adesão esperada. “Teve sim”, retrucou.
A empresa ainda rebateu que tenha tentado induzir funcionários a assinar o pedido de demissão alegando razões de ordem pessoal. Desconfiados, alguns recorreram a advogados e foram alertados de que, nestas condições, correriam o risco de perder direitos trabalhistas.
O texto enviado por uma advogada a um funcionário que a procurou, reproduzido em grupos de WhatsApp, levou a Sul Fluminense a distribuir um comunicado na terça-feira (3), no qual afirma que não há, “de forma alguma, interesse da empresa de lesar seus colaboradores”. No mesmo documento, diz que a intenção do plano de demissões voluntárias seria apenas dar oportunidade aos que desejarem sair de se anteciparem “a um possível evento futuro”.
Ao jornal Foco Regional, a advogada – que pediu para não ter o nome divulgado – negou que tenha orientado empregados a não aceitar a demissão voluntária, mas apenas alertado a pessoa que a procurou sobre o risco da perda de direitos ao justificar o pedido de dispensa por motivo de ordem pessoal.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários, José Gama, o Zequinha, disse desconhecer que no pedido de dispensa os trabalhadores tenham sido obrigados a declarar a iniciativa como uma opção por motivo pessoal. “Não tenho documento nenhum dizendo isso. E, se o trabalhador não aceitar [o PDV] e for demitido sem receber seus direitos, sendo sócio ou não do sindicato vamos entrar com processo [trabalhista]”, afirmou.
Em crise desde que os sócios se desentenderam, a Viação Sul Fluminense opera a maioria das linhas urbanas de Volta Redonda. A sucessão de queixas dos usuários por não cumprimento de horários, ônibus quebrados e em mau estado de conservação levaram o prefeito Samuca Silva, em maio, a cassar a concessão da empresa.
Desde então, o governo municipal tenta realizar uma licitação das linhas, que chegou a ser autorizada pela Justiça para o dia 4 de outubro, mas acabou suspensa pelo TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro). O órgão recomendou uma série de adequações à prefeitura, mas, ao mesmo tempo, autorizou a realização de um chamamento público para um contrato emergencial com empresas para assumirem o serviço. O prazo previsto é de um contrato de seis meses, enquanto tenta desatar os nós no TCE-RJ e realizar a licitação.
O chamamento está previsto para amanhã, sexta-feira (6).
1 Comentário
É complicado, a realidade que eu cheguei no ponto 7:20 cheguei em casa 10:00 de uber por que não teve ônibus.
Quem fica irritada nesse situação mesmo 😑