No segundo dia da nova intervenção judicial determinada pela 3ª Vara Cível de Volta Redonda, a Viação Sul Fluminense foi alvo, na madrugada deste sábado (28), de um mandado de busca e apreensão expedido juíza da 5ª Vara Cível da cidade, Raquel de Andrade Teixeira Cardoso. Às 4 horas, quatro oficiais de Justiça chegaram à garagem da empresa, no bairro Voldac, com ordem de apreender 31 ônibus, devido ao não pagamento ao banco de um financiamento contraído para a compra dos veículos.
No entanto, foram retirados da garagem apenas 19 ônibus. Os demais estão em reparo. Chegou a ser cogitado a remoção dos veículos em guinchos, o que acabou sendo descartado depois de muita discussão entre os prepostos do interventor e o advogado do banco, que acompanhou o cumprimento do mandado.
Os ônibus retirados da garagem foram estacionados numa rua próxima. A informação é de que eles seriam levados para Barra Mansa, mas o local era desconhecido dos interventores, que já estavam tomando medidas judiciais para reverter a decisão.
Luiz Mora e Galva Vianna – prepostos do interventor João Ricardo Uchoa Viana – estavam num hotel da cidade quando tomaram conhecimento da presença dos oficiais de Justiça na sede da empresa. Eles confirmaram o motivo da apreensão e lamentaram a medida, que, acreditam, será revertida.
– Foi uma covardia. Se aproveitaram deste momento de intervenção – disse Mora, confirmando que a operação da empresa neste sábado está sendo afetada. “A logística foi quebrada ao meio”, acrescentou.
Todos os ônibus apreendidos deveriam estar nas ruas. Segundo testemunhas, funcionários da viação que chegavam para trabalhar chegaram a chorar ao ver os ônibus sendo recolhidos. “Isso cria um clima pesado, numa hora em que todos esperam pela recuperação”, lamentou Mora. De fato, os funcionários comemoraram a decisão da Justiça que colocou novamente a empresa sob intervenção. A primeira foi entre 6 de junho e o dia 4 deste mês.
A apreensão dos ônibus pegou de surpresa os interventores, que chegaram a Volta Redonda no meio da tarde de sexta-feira. “Ainda estamos tomando pé da situação. Estamos apagando fogo, conhecendo a estrutura, porque precisamos saber como está a empresa”, disse Vianna.
– Para a cidade isso [a apreensão] é socialmente péssimo – comentou Mora.
No momento da atualização desta publicação, o interventor tentava sanar parcialmente o problema, fazendo contato com a financeira. Um novo prazo para pagamento das parcelas em atraso está sendo discutido. Caso aceito, o serviço prestado pela Sul Fluminense não sofrerá descontinuidade na próxima semana, evitando prejuízos aos usuários do transporte coletivo.
Temendo a prejuízos a partir de segunda-feira (30), a prefeitura já havia feito uma consulta à empresa para saber se ela tinha condições de executar o serviço mediante o recolhimento dos ônibus.
Crise
A Viação Sul Fluminense é uma das mais tradicionais da região. Entrou em crise a partir de desentendimentos entre sócios. Na noite da quinta-feira (26), ao saberem da nova intervenção, os sócios que conseguiram suspender a primeira decisão judicial neste sentido tentaram retirar patrimônio da sede num caminhão, o que foi impedido pela Polícia Militar após os próprios funcionários alertarem a Justiça.
Fundada há 60 anos, a empresa opera 31 linhas urbanas em Volta Redonda e sete intermunicipais. Em maio deste ano, o prefeito Samuca Silva decretou a caducidade da concessão à empresa, apontando quebra de contrato, devido à sua crescente dificuldade de atender a população, com não cumprimento de horários e quebra de veículos durante o trajeto.
Ao mesmo tempo, a prefeitura lançou um edital para licitar as linhas, o que está programado para o próximo dia 4, depois de conseguir derrubar uma liminar na Justiça suspendendo o processo licitatório, obtida por uma empresa de ônibus de Barra do Piraí.