“É uma nova vida, eu saí do inferno e entrei no Céu”. A frase de grande impacto é de João Batista de Souza, de 70 anos, que teve parte da perna direita amputada em decorrência da diabetes. Durante quatro meses, ele improvisou uma prótese com um cano de PVC para se deslocar, até o dia em que entrou no Centro Especializado em Reabilitação (CER III) de Volta Redonda.
O espaço da Prefeitura Municipal atende a pacientes com deficiências física, intelectual, visual e auditiva de Volta Redonda e de outros 12 municípios da região do Médio Paraíba. Lá, o aposentado recebeu toda ajuda necessária, incluindo a nova prótese ortopédica pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que foi entregue nesta semana. Com ajuda de uma muleta, seu João entrou na sala de atendimento com passos tímidos devido à prótese feita com poucos recursos, mas com o coração cheio de esperança.
Os passos acanhados foram trocados por passos firmes e seguros, em direção a uma vida digna, com acessibilidade, qualidade e independência. “É uma nova vida, eu saí do inferno e entrei no Céu. Agora vou poder fazer tudo: ir ao banheiro, cozinhar, pois com a prótese improvisada eu precisava colocar uma cadeira para fazer comida, pois não conseguia ficar de pé. Com a prótese tudo será diferente, estou cheio de expectativas de ter uma vida normal, com mais independência, porque estava dependendo muito do meu cunhado para fazer as tarefas do dia a dia”, comentou o paciente.
Olhando para o futuro sem se esquecer do passado, João Batista ponderou. “Me arrependo de não ter vindo aqui (CER III) antes. Não tem atendimento melhor, fui muito bem recebido por todos os profissionais. Vou me empenhar agora com a adaptação da prótese, quero chegar em casa e caminhar por todos os cômodos”, disse.
Com olhar atento acompanhando cada detalhe, o cunhado do seu João, Paulo Chagas, mencionou a emoção ao vê-lo com a nova prótese. “Era um momento muito aguardado. Estou dando todo o suporte necessário desde que ele precisou amputar a perna. Fui casado com a irmã dele, que faleceu há dois anos. Se ela estivesse aqui estaria fazendo o mesmo por ele, ou, até melhor do que eu nesta jornada”, falou Paulo.
A história de João é a primeira da série “Gratidão Não Prescreve”, desenvolvida pela Prefeitura de Volta Redonda para contar histórias de pessoas que tiveram suas vidas transformadas depois de serem beneficiadas com algum serviço disponibilizado pelo governo municipal.
‘Felicidade para quem recebe e gratidão de quem faz’
O técnico em órteses e próteses do Centro Especializado em Reabilitação (CER III) de Volta Redonda, Célio Gomes da Silva, trabalha devolvendo os movimentos dos pacientes. Ele se surpreendeu com a criatividade do seu João na fabricação manual da prótese.
“É muito gratificante! O melhor de todo o trabalho é isso, ver a alegria do paciente andando com a prótese, não tem preço. Eu trabalho com órteses e próteses há 24 anos, e a cada nova história eu me emociono, pois cada caso é diferente. A história do seu João Batista foi uma das mais impressionantes, ainda mais pelo que ele fez, o que ele fabricou. Não tem explicação”, disse, acrescentando que com a nova prótese o paciente terá um tempo para adaptação, acompanhamento e fisioterapia.
“Agora tudo será diferente, né? Um encaixe novo, ele vai sentir uma pressão aqui, outra ali, que é normal. Isso depois, com 15, 20 dias, tem ajustes porque o coto vai atrofiar. Isso é normal com todo mundo que usa prótese. E depois disso fisioterapia, com certeza, porque ele tem que andar sem as muletas”, concluiu o técnico.