O delegado de Polícia Federal em Volta Redonda, Pedro Paulo Simão da Rocha, afirmou nesta terça-feira (26), em um vídeo, que as investigações sobre supostos desvios de recursos na compra de equipamentos para o hospital de campanha na cidade, durante a pandemia de Covid-19, em 2020, descobriram “diversas irregularidades”. O contrato firmado pela prefeitura teve valor de R$ 1,6 milhão.
Pela manhã, 40 policiais cumpriram 10 mandados de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara Federal de Volta Redonda em residências, empresas e escritórios ligados aos envolvidos no suposto esquema criminoso nas cidades de Volta Redonda, Rio de Janeiro, Rio Claro, Pinheiral, Barra do Piraí e Paraíba do Sul. Os mandados judiciais foram expedidos pela 2ª Vara Federal de Volta Redonda.
Entre as irregularidades, Pedro Paulo citou a contratação de uma “empresa de fachada”, que, segundo disse, existia juridicamente, “mas de fato não funcionava no local informado”. Além disso, a mesma empresa “não possuía empregados, e o sócio majoritário era uma pessoa que não tinha condições financeiras para a integralizar o capital social informado”. Ainda de acordo com o delegado da PF, a segunda empresa que apresentou proposta também seria de fachada e “tinha os mesmos problemas da outra”.
Pedro Paulo acrescentou que uma segunda irregularidade verificada nas investigações foi que o termo de referência – documento no qual a administração pública dá publicidade às suas necessidades – foi “publicado depois da apresentação das propostas feitas pelas empresas”. Segundo ele, isso “demonstra que os empresas já tinham conhecimento do teor do termo de referência, o que é totalmente irregular”.
A terceira irregularidade apontada pelo delegado é que a assinatura da dispensa de licitação “ocorreu no dia posterior à assinatura dos contratos, invertendo totalmente a ordem”. Segundo ele, a própria PGM (Procuradoria Geral do Município) à época, havia recomendado consultas a sites oficiais com o objetivo de comparar preços. “Isso não foi feito, ocasionando a contratação destas empresas de fachada no valor de R$ 1,6 milhão”. Pedro Paulo explicou que é deste valor que a investigação apura os valores que teriam sido desviados.
“Hoje nós fizemos várias apreensões, bem como realizamos oitivas no local para impedir a combinação de versões posteriores”, finalizou o delegado. Não foi divulgado o que foi apreendido durante a operação nem os endereços dos alvos dos mandados de busca e apreensão.
O hospital de campanha para tratar de pessoas com Covid-19 foi montado no Estádio Raulino de Oliveira durante a gestão de Samuca Silva no Palácio 17 de Julho. Em nota divulgada pela manhã, o ex-prefeito afirmou não ser alvo da operação policial, ressaltando que sempre denunciou e combateu a corrupção durante o seu governo.